segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"[TÓIM O CEGO DO FOLE]".


"[TÓIM O CEGO DO FOLE]".

 Tóim o cego do fole,
 cabra bom da mulésta,
 artista de rua,cantadô,
 animadô de grande festa,
 sem ele não era mole,
 tê forró de primera e fulô.

 Tocava sanfona,
 de quarenta e oito,
 inté de sessenta,
 e cento e vinte baixo,
 tinha esse dom afoito,
 tocava inté em despacho,
 em velório de gente morto.

 Num dia de São João,
 Tóim cego,tocava na praça,
 com muita muérão,
 cheia de graça,
 e um bucado de macho,
 tomando cachaça,
 inchendo o tacho,
 prevendo disgraça.

 Mulecada correno
 atrais de balão,
 bem filiz viveno,
 de pé no chão,
 no baruio das matraca,
 bateno nas mão,
 no meio das barraca,
 sem precupação.

 De repente uma esprosão,
 véio e moço,
 oiaram pro céu,
 fizerô um arvoroço,
 formando um tedéu,
 i num grande estorão,
 feis aquele fogaréu,
 vixe!!!a barraca,do rojão,
 foi se fundi ao léu.

 Tóim cego juntô,
 seus poucos réis,
 então levantô,
 andô ao revéis ,
 sintindo o atrito,
 da precata nos péis,
 sem queda nem grito,
 Tóim pindurô,
 o fole nas costa
 no meio passô,
 nem no cherô da bosta,
 Tóim cego pisô.

 Inté passa o mar feito,
 detrais de uma arve ficô.
 depois do avecho,
 com muito jeito,
 num toco de pau sentô
 sério como um fecho,,
 preguntô do desfecho,
 e de como se sintiu,
 e ansim Tóim cego falô,
 como foi que consegui.

 De fole nas mão,
 ele em verso cantô,
 pra cego em confusão,
 é bem mió meu amô,
 corre na contra direção,
 que quem me vê,meu sinhô,
 disvia prestano atenção,
e bem longe de mim,
 que no meu intendê ignorão,
 e eu me sarvo inté o fim...

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